quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Fantasmas


Estou dando um tempo do Facebook.
Desinstalei do smartphone, só tenho no tablet, que só conecta via wifi, e eventualmente nos pc's.
Continuo na rede, mas a rede não é mais a mesma.
Daí fui para o Instagram, onde ao menos era para ser um Pinterest com figuras bacanas.
E ontem postaram "golpe onde a vítima toma cafezinho com os algozes".
E falando sobre "e você aí perdendo amizades" enquanto eles riem e confabulam.

A Luciana escreveu:
 
"A ausência promovida pelo eventual impeachment nos convoca. Será preciso reconstruir a partir dos escombros. Não se trata apenas de identificar as marcas do passado violento nas estruturas do presente, como na Dama Dourada. Nem se trata de saber o lugar dos nossos fantasmas na recomposição da vida, como em Les Revenants. Será necessário enfrentar o vazio. Resistir enquanto a devastação opera. Não sei se estamos prontos. Mas sei que não nos resta escolha. "

 Acho que não perdi amigos. Apenas descobri o lugar de alguns fantasmas.
Eram fantasmas queridos, alguns.
E estou lidando com o luto.

Não tenho falado, e isso é estranho.
Talvez seja uma nova forma de me preparar para o inevitável.
Não sinto que estou pronta. Não queria.

Os fantasmas não são monstros. 
Apenas pensam diferente.
Só que enquanto eu apenas os afasto, com o poder dos botões das redes sociais, eles querem me aniquilar, ou ao menos, tudo em que eu acredito.

Não temos escolha, mas é preciso escolher.