Outro dia eu postei uma receita de biscoito no Feministas na Cozinha, e entitulei de "Assando biscoitos e aprendendo novas lições".
Uma lição que a gente tem que aprender (se quiser, claro) é que a vida não tem receita.
Quer dizer, tem, várias.
Cresça, estude, se forme, se case, tenha filhos, tenha um trabalho, ganhe dinheiro, compre uma casa, compre um carro, troque de carro, troque os móveis, vá para a Disney com as crianças...
E se você escolhe fazer de outro jeito?
Mudar a receita?
Pode ser que não fique bonita como comercial de margarina.
Pode ser que pareça mais um filme do Almodovar.
Ando pensando nessas receitas, nessas formas já definidas, que tentam fazer com que a gente se limite a uma única possibilidade.
E descobri, recentemente, que não é assim.
Mesmo o que parece perfeito, mas não é, pode ser belo na imperfeição.
Acordei agora, três da manhã, e perdi o sono. E me peguei pensando em escrever sobre essa neurose, de ter que seguir uma receita, de ter que seguir um roteiro para ser feliz.
Acho que é porque fica mais confortável. A gente quer conforto, quer aconchego, quer a receitinha do bolo pronta.
Mas chega um momento em que a gente já sabe o que vai no bolo. E começa a pensar em fazer diferente, e improvisar.
As vezes dá certo. Outras vezes não. Pode ficar leve e doce, ou solado e amargo, com gosto de desamor e decepção.
O que importa, pra mim, agora, é improvisar. Já aprendi a receita do bolo. Agora estou improvisando.
E não quero me prender a apenas uma forma. Além da receita, nova a cada dia, tenho que variar nas formas, nas possibilidades de finalizar.
As vezes, na hora de desenformar, pode despedaçar, como um coração, partido, as vezes caí da forma do externo, direto nas vísceras.
As vezes, sai macio, inteiro, perfeito, como aquele primeiro beijo.
Se a receita vai sair perfeita, não importa.
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