sexta-feira, 17 de junho de 2011

Minhas considerações sobre o BlogProgMG, ou melhor, BloguemusMG


No último final de semana, da data comercial bem lucrativa que é o Dia dos Namorados, várias pessoas desistiram dos compromissos com companheir@s para participar do encontro de ativistas que aconteceu na sexta à noite e no sábado, o dia todo, se estendendo com os debates na mesa da famosa Cantina do Lucas, no edifício Malleta, em BH.

No encontro, cuja programação está disponível aqui, e que foi transmitido via streaming, mas infelizmente, por problemas técnicos, não foi gravado, mas contou com a participação de Renato Rovai, Eduardo Guimarães, Tulio Vianna, Cynthia Semíramis, Rogério Correia, Carlin Moura, Cido Araújo, Sérgio Telles, João Carlos Caribé, Nina Caetano, Marcelo Costa, Erika Pretes, Luana Diana Santos e esta que vos escreve.

Foto oficial do evento - Por Michael Rosa, no Flickr


Tivemos cinco mesas, contando com a de abertura.
Entre as coisas que discutimos, está o apoio irrestrito ao governo Dilma, do PT, partido que todos nós consideramos, em algum momento, o partido da esquerda no Brasil.

Eu voto no PT desde a primeira eleição da qual participei, em 1994 (a de 92 eu não pude, fiz 16 depois do prazo para inscrição). Sou filha de servidores públicos, professora da rede municipal de ensino e pai da rede federal (Soc. Economia Mista, extinta no gov. FHC)

Fui a manifestações da UBES e UNE em 92, a favor do impeachment, pintei a cara. Me considero de esquerda desde criancinha. Vi o Durval Angelo e o Ramon fazerem greve de fome, presenciei minha mãe e minhas tias tomarem jatos de água em manifestações de professores. 

Pode-se dizer que nasci de esquerda, ainda que tenha tido que lutar muito para me assumir feminista.

Porque, por incrível que pareça, a luta pelas bandeiras do feminismo, para mim, tão obviamente anti-status quo capitalista liberal (no sentido econômico) ortodoxo, a luta feminista, assim como outras, que somente descobri mais tarde, não anda junto com o movimento dito de esquerda.

Tudo bem, vá lá que o leque da “esquerda” seja amplo a ponto de encampar bandeiras distintas.

O feminismo, pelo que tenho aprendido nesse curto período de tempo desde que aprendi, inicialmente com a Cynthia, que aquele desconforto que sempre me cutucou, tinha nome, e tinha outras sofredoras (e sofredores) do mesmo mal, tem tantas correntes que é temerário que uma única se apresente como A corrente.
Assim como a esquerda.
Mas algo em comum a gente deve ter, para se identificar com algo tão... diáfano?
Mas já li em algum lugar que “tudo que é sólido se desmancha no ar”.

Toda esta introdução foi para dizer que os debates foram instigantes.
Obviamente, apesar de termos, lógico, inimigos em comum, temos também visões diferentes sobre o que é o apoio ao governo. Apoio a um governo de esquerda.

Estou com o Tulio Vianna. 
 
Mesa "Liberdade e Ativismo"  - Foto de Michael Rosa, no Flickr


Apóio ao governo Dilma, no que é possível, pois votei no governo Dilma, apesar de meus votos no governo Lula, nas duas vezes em que venceu, tenham sido minados por atos que premiaram ao capitalismo, ainda que com inclusão social.
Porque, como me manifestei quando tive oportunidade, os rumos da nossa esquerda tem me incomodado.

E ninguém traduziu melhor o meu desconforto do que o Marcos Nobre nete texto 

O recuo conservador que temos presenciado me assusta.

Não sei se antes estava em uma bolha, em uma redoma, mas nos cinco anos em que me tornei delegada de polícia em Minas Gerais, num governo de centro-direita (PSDB), que se alia a um partido tradicionalmente conservador (PFL-DEM), percebi que aquele desconforto sem nome que me acometia tinha um nome, sim.

Acho que posso chamá-lo de ser extrema-esquerda-incendiária...

Acredito que a inclusão social (já que ainda não há revolução possível... há?) não pode vir desacompanhada das demandas que alguns consideram “menores”: direitos humanos, direitos das mulheres, combate ao racismo, à homofobia, Estado Laico, liberdade de expressão com responsabilização, abertura dos arquivos da ditadura.

Diante do relativo abandono das causas das minorias, na base, vemos um avanço do reacionarismo, da intolerância, do desrespeito.
Pessoas que confundem liberdade de expressão com liberdade absoluta de ofensa?
Avanço de causas fundamentalistas como nunca vi antes no pais (ou estava eu alienada, confortável na minha bolha de estudante-universitária-concursanda-branca-hétero-classe média?)?
Por que, não lutar pelo direito à interrupção voluntária da gravidez?
Por que, não lutar pelo casamento igualitário?
Por que, não lutar, com todas as forças, contra o machismo e a violência contra a mulher, como o Equador, que foi citado como exemplo de mobilização na América Latina, o fez?
Dia 06 de maio de 2011, o STF julgou e reconheceu o direito, aos casais homoafetivos, do reconhecimento da união estável.
Dia 15 de junho de 2011 o STF julgou, pela ADPF 187, o direito à liberdade de expressão nas causas denominadas “Marchas da Maconha”, onde pessoas se manifestam pela descriminalização do uso da maconha.
Estamos na segunda década do século XXI. Já avançamos muito, considerando que somos uma democracia jovem, e que se formos contar de verdade, é praticamente o período mais longo de democracia que já vivemos, entre Império, Repúblicas Velhas e Novas, Estados Novos e velhos, ditaduras militares.

Temos que ter paciência? Talvez, claro.

Mas não temos que ser lenientes.
Causas como a abertura dos arquivos da ditadura, a punição aos torturadores, o casamento igualitário, a proteção às minorias, estamos atrasados até mesmo em relação àqueles países latino-americanos que nos vangloriamos de guiar nos rumos de políticas econômicas.
O resultado do Bloguemus? 

Ao meu ver, positivo.
Foi um evento com participação de minorias (mulheres, negros, LGBTTT) bem relevante.
Foi um evento crítico.
Não somos governo. Eu não sou. 
Sou cidadã. 

Sou eleitora de um governo. 
De um governo onde, desde sempre, venho depositando minhas esperanças em um Brasil melhor.


Não posso recuar agora, em meus sonhos e esperanças e atitudes por um Brasil melhor, para todos.
Em nome de um mítico “inimigo comum”, desdenhar os recuos de um governo que ajudei, ativamente, nas minhas medidas, a se consolidar.

E esse é o balanço inicial que faço do evento.

Espero que em BSB, mais vozes se façam ouvir.

Todos pelo avanço.
Todos contra o recuo.
Ainda que estratégico.

5 comentários:

  1. Sabe renata, há algo que me incomoda muito nestes primeiros meses de governo DIlma, no segundo turno foi pautado uma questão sobre combater uma onda conservadora, porém a onda conservadora vem avançando e não é por conta da direita clássica que não tem poder de pressão no congresso nacional para poder passar suas pautas, mas da própria base governista a quem o PT se aliou para garantir governabilidade e a eleição da Dilma e a quem agora capitula tema após tema...

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  2. Luka,

    É isso mesmo.
    O maior incômodo é esse avanço do conservadorismo, da hipocrisia, e o recuo de quem sempre foi de esquerda e defendia bandeiras de esquerda, liberais não no sentido economico.
    TEnho sentido muito uma falta de políticas públicas que seriam essenciais, e mais do que isso, tenho sentido isso nas falas da Dilma.
    Retrocesso, recuo.
    Me assusta.
    Obrigada pela visita!
    Ah, já votei no Bidê pro prêmio, viu?
    Bjs!

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  3. Tem que ser torcedora da Argentina... claro é petista!

    O governo que abre as pernas para essas republiquetas bananeras vizinhas do Brasil (petrobras na Bolivia e Equador, barreiras comerciais da Argentina, Energia de Itaipu...), e nós paulistas da classe média pagamos a conta.

    Não sei de onde voce é, mas com certeza voce "mama nas tetas do governo", e quem paga a conta somos nós, os tontos paulistas.

    Esses problemas PROMEDIOS como você, é que são os obstáculos que não deixem esse país avançar para estar em um lugar decente.

    COMO EU QUERIA VER COMO IRIA SE VIRAR O BRASIL SEM SÃO PAULO!

    Adriano Padovani

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  4. Ah é mineira, Minas Gerais deveria fazer parte do Nordeste, porque de São Paulo para cima, os brasileiros são ressentidos.
    Se sentem excluídos, discriminados e gozados pelos brasileiros de SP e do sul, ESSES SIM FAZEM ALGO PELO PAÍS! Por isso usam algo como: não vou torcer mais pelo Brasil, vou torcer para seu grande rival... não quero o Rio seja sede Olimpica etc...

    Esses brasileiros daí de cima, que deveriam começar a limpar sua casa e serem mais politizados, para assim eliminar esse complexo de inferioridade enorme, são o grande problema do país. São eles que aceitam políticos "coronéis", e não fazem nada para mudar, SÃO PASSIVOS!

    É por isso que voce verá no Nordeste e Minas (embora seja sudeste), várias pessoas torcer contra o Brasil e não são NADA PATRIOTAS, como torcedores nem como cidadão.

    Aqui em baixo a coisa já muda, nada torce para os de fora, porque se voce virar as costas, eles te devoram.

    O dia em que você saber mais sobre história da America Latina, a cultura e política entre os países, voce verá que a primeira oportunidade que eles tiverem, eles colocariam voce e todos os brasileiros de joelhos.
    Brasileiros promedios como voce, são muito inocentes, principalmente os brasileiros daí de cima.

    Vou te dar uma dica, começa a ler diariamente esse jornal argentino, tem comentários... www.lanacion.com

    Depois de 3 meses, tenta se olhar no espelho por mais de 30 segundos e pensar: como sou idiota em torcer para um povo como esse.

    Te desafio, 3 meses, voce ira mudar de idéia.
    Verá os comentários ofensivos contra os brasileiros e Brasil, pela internet a coragem vem a tona.


    Você é igual aqueles brasileiros nordestinos da cidade de Buenos Aires-PE, onde muitos torcem pela Argentina. Ou seja, não tem cultura, são inocentes.
    Se vocês fossem judeus, estariam torcendo pela Alemanha ao invés torcer pelo seu país.

    E ISSO NÃO SE TRATA DE SER UFANISTA, SE TRATA DE SER PATRIOTA.
    Por isso os americanos são os melhores, porque são patriotas até debaixo d'agua.

    Sou paulista antes de ser brasileiro, tenho nojo de brasileiros como você, porque infelizmente estamos na mesma barca, e dividimos a mesma nacionalidade.

    Se São Paulo fosse um país, como deveria ter sido a partir de 1932, eu queria que vocês brasileiros se explodam, e faríamos um muro na fronteira com o Brasil!!!


    Adriano Padovani

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  5. Ai, ai, ai...


    Volte se tiver algo inteligente para falar, ou seja: never. Tchau!

    http://i18.photobucket.com/albums/b117/biancarpc/interested_lol_cat.jpg

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