segunda-feira, 31 de maio de 2010
Episódio final: Grey's Anatomy
domingo, 30 de maio de 2010
Abordagem policial em questão
Um colega me falou sobre um programa chamado Cops, transmitido pela Tru TV.
Na madrugada de sábado passado, chegando em casa, liguei a tv, e olhando o guia de programas, vi que estava passando o tal programa no tal canal.
Não tive paciência de assistir, mas vi que em seguida, iria ser transmitido outro, de nome "Inside American Jail" (Centro de Detenção, na programação brasileira) um programa que acompanha o que acontece nas prisões. "Getting busted is just the beginning": ser preso é só o começo...
Gente, é uma das coisas mais ridículas, humilhantes, patéticas, que já vi na vida.
Fiquei pensando: será que os presos se sujeitam a tal exposição voluntariamente, ou seja, será que são consultados e assinam um termo autorizando a exibição das imagens, ou será que, na ótica do "quem é preso não é gente = não tem direitos", não importa se eles concordam ou não com a filmagem e posterior exibição?
Por associação de pensamento....
Lembrei de um vídeo que exibo nas aulas de Direitos Humanos, sobre uma abordagem policial que termina com a condução do "elemento".
O programa é apresentado por um tal de "Bocão", e começa com o sujeito prestando um desserviço à segurança pública, ao validar comportamentos violentos em abordagens policiais.
Poderia fazer diferente?
Sim, poderia ajudar às policias e à população, mas não, tem que dar um tom sensacionalista e populista ao ocorrido, então...
Como ele poderia prestar um serviço?
Bem, primeiro explicando ao telespectador que a Polícia (as polícias) não estão de "perseguição" com ele, e que a abordagem, no caso em tela, não foi aleatória. Ora, se a pessoa desce do ônibus e apressa o passo ao visualizar a presença de policiais, pode muito bem estar tentando evitar a abordagem, por portar algo ilícito, como drogas ou armas, ou ser foragido, por exemplo (claro, pode ser que quem já seja "escolado" no crime as vezes fica tão "relax" que nem é abordado... são coisas da vida, policial não é oráculo de Delfos, para saber o que aconteceu e o que acontecerá só de olhar para a cara da pessoa).
Segundo, explicar, de uma maneira sensata, que não, náo é legal “tomar tapa”, mas sim, é legal e deve ser obedecida a ordem de colocar as mãos na cabeça ou na parede, abrir as pernas em determinado ângulo, ficar imóvel, ser revistado, ter a bolsa revistada (não revirada e jogada no chão...). Inclusive, se houver necessidade, é possível que uma mulher seja revistada por um homem, sim. Não em qualquer caso, mas em determinadas hipóteses, que quem vai determinar é sim o policial!
Houve desobediência? Creio que houve, sim. (Desacato? Acredito que não. Resistência? Tampouco.)
Só que culpado por ela não é só o cidadão, mas o policial, a mídia e a sociedade brasileira. Ninguém sabe como agir, ninguém sabe como se comportar em uma situação de abordagem. Ninguém discute o que deve ser falado: quais os limites do mandado policial? Quais os deveres do cidadão?
Polícia pode usar arma, sim. Em qualquer caso? Não, claro que não!
O uso da arma tem o potencial de letalidade, que só é justificável para legítima defesa (própria ou de terceiros).
E, gente, se quando ocorre um desvio de conduta de um policial, em qualquer ligar, seja no Rio, no Pará ou no Paraná, e passa no JN ou outro similar, isso repercute sobre a imagem de TODAS as POLÍCIAS e TODOS os POLICIAIS (sejam Policiais Civis, Policiais Militares, Guardas Municipais ou Agentes Penitenciários), eu passei a entender que quando morre um policial em confronto em qualquer lugar, isso repercute também sobre os policiais, que convivem diariamente com a criminalidade violenta e correm sim, risco de morrer em serviço!
O policial deveria saber que não precisa abordá-lo em fiscalização blitz, e nem pedir os documentos, porque ele é um cidadão honesto, seus impostos pagam os salários dessa corja de policiais corruptos, e ... opa! Não pagou o licenciamento de 2010. Ahm, seu guarda, sabe o que que é...
A violência policial é legitimada por uma classe, pela classe dominante, uma vez que em geral não a atinge!
A policia no Brasil continua matando ( e morrendo) em níveis alarmantes, mas isso não importa para uma sociedade que quer a todo custo se manter isolada da “marginalidade”.
Transcrevo ao final um trecho da fala inicial do apresentador (sério, assiste o vídeo, ele fala isso mesmo, e gesticulando!)
“Abordagem é normal: mão na cabeça e abre as pernas! Vai sacudir tudo, por baixo e por cima! Não tem conversa! E é com rico, com pobre, com preto, com branco! E olhe, se cair numa blitz irmão meu, primo meu, e falar – Ah, eu sou irmão de Bocão... – bolacha logo: pau! Quem mandou dizer que é irmão de Bocão?”
Nada de ser parado na blitz e dizer que me conhece! hahahaha
Relances de Contagem das Abóboras
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Ovelha em pele de loba
Tem o ditado que diz do lobo em pele de cordeiro, não tem?
Pois é. Eu me sinto a ovelha, na pele do lobo.
As vezes me sinto a mais hipócrita de todas. A mais conservadora. E faço um monte de coisa, para provar pra todo mundo que não preciso provar nada pra ninguém (opa, alguém já falou isso, antes de mim... FxDxPx do Renato Russo...)
Será que ser adulto é isso?
É reconhecer que nos tornamos nossos pais?
Conservadora? Eu??!!
Elis Regina
Composição: Belchior
Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos...
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...
Quando me pego falando coisas como “esses jovens não tem noção de autoridade!”, “esses meninos não respeitam nada”. “não beba”, “não fume”, etc, eu lembro de uma frase que achei outro dia, na porta do meu guardarroupas, por baixo de um pôster antigo, que rasgou, e tive que tirar:
“os mais velhos nos dão bons conselhos porque já não podem dar maus exemplos”
Graças ao santo Google, descobri que a frase é deFrançois 6º, príncipe de Marcillac e, mais tarde, duque de La Rochefoucauld, que nasceu em Paris a 15 de setembro de 1613 e morreu na mesma cidade na noite de 16 para 17 de março de 1680, e na verdade, seria assim:
“Os velhos gostam de dar bons conselhos para se consolarem de já não estarem em estado de dar maus exemplos.”
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Santa ira
Saint Anger 'round my neck
Saint Anger 'round my neck
He never gets respect
Saint Anger 'round my neck
(You flush it out, you flush it out)
Saint Anger 'round my neck
(You flush it out, you flush it out)
He never gets respect
(You flush it out, you flush it out)
Saint Anger 'round my neck
(You flush it out, you flush it out)
He never gets respect
Fuck it all and no regrets,
I hit the lights on these dark sets.
I need a voice to let myself
To let myself go free.
Fuck it all and fuckin' no regrets,
I hit the lights on these dark sets.
Medallion noose, I hang myself.
Saint Anger 'round my neck
I feel my world shake
Like an earthquake
Hard to see clear
Is it me? Is it fear?
I'm madly in anger with you (x4)
Saint Anger 'round my neck
Saint Anger 'round my neck
He never gets respect
Saint Anger 'round my neck
(You flush it out, you flush it out)
Saint Anger 'round my neck
(You flush it out, you flush it out)
He never gets respect
(You flush it out, you flush it out)
Saint Anger 'round my neck
(You flush it out, you flush it out)
He never gets respect
Fuck it all and no regrets,
I hit the lights on these dark sets.
I need a voice to let myself
To let myself go free.
Fuck it all and fuckin' no regrets,
I hit the lights on these dark sets.
Medallion noose, I hang myself.
Saint Anger 'round my neck
I feel my world shake
Like an earthquake
Hard to see clear
Is it me? Is it fear?
I'm madly in anger with you (x4)
...and I want my anger to be healthy
...and I want my anger just for me
...and I need my anger not to control
...and I want my anger to be me
...and I need to set my anger free
...and I need to set my anger free
...and I need to set my anger free
...and I need to set my anger free
SET IT FREE
Fuck it all and no regrets,
I hit the lights on these dark sets.
I need a voice to let myself
To let myself go free.
Fuck it all and fuckin' no regrets,
I hit the lights on these dark sets.
Medallion noose, I hang myself.
Saint Anger 'round my neck
I feel my world shake
Like an earthquake
Hard to see clear
Is it me? Is it fear?
I'm madly in anger with you (x4)
Hoje estou irada.
E não consigo extravasar.
E minha ira endurece meus nervos e músculos e minhas costas doem.
E eu não consigo ver claramente as coisas bem diante dos meus olhos, por trás da névoa vermelha da ira, da desesperança, do ódio.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Orgulho e Preconceito
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Metralhadoras, fuzis e furadeiras
Li o primeiro post sobre o tema no blog do Thiago, o Memória Individual, que já recomendei aqui.
Deixei lá um comentário, e acabei resolvendo falar também sobre o tema aqui, já que é um assunto do qual sempre trato nas aulas de Direitos Humanos, dos cursos de formação dos Agentes de Polícia Civil, qual seja: o uso da força letal.
Todo policial brasileiro, seja ele estadual (policial civil ou militar) ou federal (policial federal ou rodoviário federal) tem o porte de arma de fogo, e na maioria das vezes, uma arma do patrimônio do Estado, que lhe é depositada para a prestação do serviço. Junto com o porte, vem a autorização estatal para a sua utilização. E a primeira coisa que aprendemos nas aulas de manejo de arma de fogo é que arma de fogo é para matar (pode só ferir, sim, mas o objetivo é matar, foi para isso que elas foram inventadas. Não foi para ferir à distância, nem para intimidar, nem para ameaçar. A utilização de uma arma tem sempre o potencial de letalidade que lhe é inerente!)
E sempre dou a mesma resposta: nós não somos CARRASCOS!
O Brasil não está em GUERRA EXTERNA DECLARADA!
E mesmo que estivesse, não seríamos nós os investigadores-acusadores-julgadores-executores da pena.
Moderadamente – significa que assim que cessada a agressão, o uso da força (dos meios de repelir a agressão) deve cessar, sob pena de se transformar em excesso, o que é punível.
“Empregar moderadamente os meios necessários significa usar os meios disponíveis, na medida em que são necessários para repelir a agressão. Deverão aqui considerar-se as circunstâncias em que a agressão se fez, tendo-se em vista a sua gravidade e os meios de que o agente podia dispor. Sempre convém salientar, que a possibilidade de fuga não exclui a legítima defesa, obviamente sendo recomendada quando possível, como no caso de agressão praticada por portadores de necessidades especiais.”
Meios necessários:
“Meios necessários são todos aqueles suficientes à repulsa da agressão injusta que está ocorrendo ou prestes a ocorrer. Ensina a doutrina majoritária, que os meios necessários além de suficientes, devem estar disponibilizados no momento da agressão, existindo em todo caso, a observância da proporcionalidade entre o bem jurídico que se visa resguardar e a repulsa contra o agressor.
Injusta agressão, atual ou eminente:
É na verdade o primeiro requisito: “a existência de agressão injusta, atual ou iminente. Agressão é o comportamento humano capaz de gerar lesão ou provocar um perigo concreto de lesão.
Além da agressão humana (ação ou omissão) é imprescindível que a mesma seja contrária ao direito, ou seja, proibida pela lei e real, ou seja, não suposta.
A agressão humana injusta e real deve ser marcada pela atualidade ou pela iminência. Significa que a mesma deverá estar ocorrendo ou prestes a acontecer e nunca quando já terminada.
A ação de defesa promovida em face da agressão, deve ser praticada com vontade de defesa. Isto indica a intenção do agredido de se defender ou de defender um bem jurídico de terceiro.
O que pode acontecer, além da legítima defesa real, própria ou de terceiros, é a legitima defesa putativa, pelas circunstâncias fáticas.
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo
O foco aqui é a responsabilização policial.
Jaqueline Muniz escreve muito bem sobre isso, então, remeto ao texto dela.
Só faço aqui, para encerrar, mais um comentário:
Em geral, o policial não é responsabilizado, é culpado.
Culpado porque não há uma discussão séria e pública sobre os limites do mandato policial, sobre o que pode e o que não pode, sobre os direitos e deveres do cidadão em uma abordagem, sobre os deveres e poderes de um policial.
E se o morto é uma pessoa com “passagens” ( que p... é essa?! – “Tenho passagem não, tenho passe único!”), então a atuação foi legítima.
Se é um trabalhador, não foi.
E não é assim que tem que ser: se houve excesso na legítima defesa ou se houve culpa na descriminante putativa, independente de se tratar de “trabalhador” ou de “bandido”, o tratamento deveria ser o mesmo, para absolver ou condenar quem fez o uso da força.
"tudo começou quando a gente conversava naquela esquina alí de frente àquela praça
(O Rappa – Todo camburão tem um pouco de navio negreiro)
"A favela é a nova senzala, correntes da velha tribo
Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais... revanche"
(Lobão – Revanche)
Acabei me extendendo muito, e não sei se ficou compreensível tanto o texto quanto meu posicionamento. Mas isso a gente resolve. A morte do seu Helio é que não tem remédio.