quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cenas de polícia - parte 1

"Sou barrada à porta por um agente que me pergunta qual é o assunto. Explico-lhe que quer participar o roubo da minha carteira.
- Se a senhoras não se importar de voltar daqui a meia hora, é que estão lá dentro a interrogar um detido e aquilo está um bocado bera...
- Meia hora? Mas eu tenho que ir trabalhar.
- Tenha paciência. É que a gente só tem uma sala e estão a interrogar um detido... A senhora faça assim, vá beber um café e daqui a um bocadinho volta e a gente trata-lhe do assunto, está bem?

Obedeço, derrotada pelos fatos. Quando regresso, está à porta outro agente, de bigode façadunho e cara de poucos amigos.
- Faisfavore?
- Venho participar um furto.
- Pode dirigir-se ao guichê - responde, entre pergitotos azuis.

Entro para o átrio da esquadra e vislumbro um vulto por detrás dos vidros foscos do dito guichê, como dizia o agente bigodudo.
- Faisfavore? - inquire a autoridade sentada numa cadeira de pau. Deve ser a senha da esquadra.
- Venho participar um roubo - respondo com um suspiro.

O subchefe Costa, pelo menos é o que diz na plaquinha que tem pregada no colete azul-escuro da farda, olha-me inexpressivo.

- É só um momento por favor. Atende três chamadas seguidas que passa ao senhor comissário enquanto prepara uma resma de folhas ensanduichadas em outras de papel carbono e as enfia com rigor e precisão na ranhura de uma máquina de escrever que é certamente uma antepassada da minha Remington, a qual já data de 1956. O subchefe de uma esquadra é por assim dizer pau para toda obra. É ele que toma conta de toda e qualquer ocorrência. De telefonista a secretário, faz um pouco de tudo. Depois de tudo preparado, volta a fitar-me com o mesmo olhar vazio que me lembra o dos coelhos de talho onde a minha mãe compra carne.
- A participação é de que?
- Furto - respondo lacônica.
- Data da ocorrência?
-Perdão?
- Data da ocorrência do furto, minha senhora.
- No feriado passado, dia 13 de junho.
- Local...
- Praia da Cabana, Costa da Caparica.
- Descrição da ocorrência...
- Deixei minha mochila na mala do carro de uma amiga e fomos para a praia. Quando voltamos ao carro a mochila tinha desaparecido.
- Umm... muito bem. E o que é que tinha lá dentro?
- Tudo: chaves de casa, do carro, carteira...
- Do carro em que a senhora ia?
- Não, do meu carro.
- Então a senhora não levou sua viatura?
- Pois se ainda agora lhe disse que fui no carro de outra pessoa!
- Humm, e mais?
- Carteira com documentos, agenda Filofax.
- Filo o que?

Esqueci-me que entre um polícia e um filofax não deve haver muita familiaridade.

- É uma agenda com telefones, apontamentos, datas de reuniões, olhe, é uma agenda de trabalho.
- Umm,,, muito bem - Os dedos tamborilam ociosamente em cima das letras, só dois, porque o subchefe não frequentou corretamente um curso de datilografia ao ingressar na academia. Toc, toc, toc, uma hesitação aqui e outra ali, o trim de quem chega ao fim da linha, o raack da máquina ao passar de linha com um empurrão firme do polegar contra o indicador, tudo a dezesseis rotações. Ao fundo da sala decrépita e encardida um transistor canta com entusiasmo algo como rancoroso, mentirosa, mentirosa...

O subchefe trauteia a melodia com ar distante enquanto vai preenchendo os diferentes espaços do formulário da participação. De vez em quando o telefone toca e o subchefe é por duas vezes vítima de telefonemas insultuosos e passa mais três chamadas ao senhor comissário. Olho para o relógio com muita impaciência. São quasee dez e meia e controlo meu desespero lendo o Quadro de Honra da Polícia que se encontra afixado no hall. Como a lista de objetos furtados é enorme, o subchefe vê-se obrigado a virar a página, opção que executa com lentidão e método, separando as folhas e virando-as ao contrário, uma a uma, sem esquecer nunca de as intervalar com o papel carbono.

Finalmente acabou a aula de datilografia. O subchefe aconselha-me a telefonar dentro de uma semana para a seção dos Perdidos e Achados, mas, segundo ele diz, se não tinha dinheiro é provável que as coisas não apareçam. Chego à conclusão que o melhor é andar sempre com dinheiro, não se dê o caso de ser assaltada e correr o risco de deixar os ladrões com a sensação de estarem a ser defraudados."
O trecho acima é so livro "Sei lá", de Margarida Rabelo Pinto, escritora portuguesa. Bem no estilo chic-lit (literatura de mulherzinha, detesto essa expressão), conta a história de uma mulher solteira, e três amigas, com personalidades distintas, pela vida profissional, familiar, amorosa e sexual da Lisboa do final do século XX.

A cena descrita ocorre no interior de uma "Esquadra", que eu imagino que seja o que para nós é a delegacia, ou uma companhia da PM, ou um POV...


Cena da investigação do caso Madeleine

A idéia é ir trazendo trechos de literatura de ficção, que falem sobre o contato dos personagens com as polícias. Não de livros de mistério ou policiais, mas de literatura comum, romances, contos.

Tive essa idéia quando relia o livro "Sei lá", no final de semana.
E recebi um e-mail de um colega, com um trecho da literatura brasileira, Fogo Morto, de José Lins do Rego:
Policial português, fardado - Polícia de Segurança Pública

"A velha Adriana voltou para casa mais tranquila. Vira o marido com os parentes ao seu lado. Mas o Tenente Maurício ficara na vila como um rei. Delegado e Prefeito não valiam nada para ele. A força que ficara no mercado enchia de pavor as ruas do pobre Pilar."

Vê se não parece com o bigodinho descrito no tal trecho do livro acima?

Então pensei: por que não?

E resolvi começar por este.

Vejamos: o livro é da década de 90, no final. Demos um desconto, Portugal ainda não era União Europeia...

Alguma semelhança com a (s) nossa (s) polícia (s)?

Na verdade, não sei como funciona o sistema de justiça criminal português. Parece que também existem duas polícias, uma Judiciária, os moldes do que é a nossa PC (na verdade, nossas PC's foram decorrentes do modelo português ), de investigação, e outra uniformizadas, de carater ostensivo e preventivo, como a PM. Vou tentar descobrir mais. Por enquanto, vamos ficar com a Wiki!

Por hoje é só, pessoal!!

Depois, retornamos com a programação normal!!!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Girls that rock!!! - Bad Reputation - Joan Jett

I don't give a damn 'bout my reputation
You're living in the past it's a new generation
A girl can do what she wants to do and that's
What I'm gonna do
An' I don't give a damn ' bout my bad reputation

The Runaways

Oh no not me

An' I don't give a damn 'bout my reputation
Never said I wanted to improve my station
An' I'm only doin' good
When I'm havin' fun
An' I don't have to please no one
An' I don't give a damn
'Bout my bad reputation

Oh no, not me
Oh no, not me

I don't give a damn
'Bout my reputation
I've never been afraid of any deviation
An' I don't really care
If ya think I'm strange
I ain't gonna change
An' I'm never gonna care
'Bout my bad reputation

Joan Jett



Oh no, not me
Oh no, not me

Pedal boys!

An' I don't give a damn
'Bout my reputation
The world's in trouble
There's no communication
An' everyone can say
What they want to say
It never gets better anyway
So why should I care
'Bout a bad reputation anyway
Oh no, not me
Oh no, not me

I don't give a damn 'bout my bad reputation
You're living in the past
It's a new generation
An' I only feel good
When I got no pain
An' that's how I'm gonna stay
An' I don't give a damn
'Bout my bad reputation

Oh no, not me
Oh no, not
Not me, not me

Joan Jett


Adoro!!!!!!!!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Quinta Emenda...e a 64ª Emenda...

Nós já estamos em qual emenda mesmo? Na nossa colchinha de retalhos esfarrapados que é a Constituição Cidadã?

E, lendo os comentários de um portal da internet, sobre o caso Eliza (me recuso a chamar de "caso Bruno"), me abismei com os comentários deixados pelos internautas.
O portal permite postagens anônimas, então, existem nomes que aparentam ser verdadeiros, e outros obviamente inventados, criados apenas para combinar com a frase postada no comentário.

Além do óbvio sexismo, racismo, homofobia e outros preconceitos e intolerâncias, os usuários tem:

1 - Saudade da ditadura;
2 - Querem que a polícia "vingue" a vítima (ou acham que a vítima está viva);
3 - Dizem que é tudo culpa do PT.

Entre outras pérolas. As vezes, o mesmo comentário é um jorro nauseante de preceitos desrespeitosos, somente amparados pelo manto do anonimato.

Não vou tecer considerações sobre o aspecto de violência de gênero que é patente no crime e no tratamento midiático, por agora.




Estava começando uma resposta a um comentário, quando a conexão caiu, e perdi tudo (porcaria de velox... Oi é dureza...). Aí resolvi não comentar lá, mas compartilhar aqui!

O comentarista afirmava, com convicção, que nos Estados Unidos é crime o investigado mentir nos interrogatórios.
E eu fiquei pensando: e a Quinta Emenda?

(um aparte: recentemente, houve um certo clamor nos meios juridicos norte-americanos, quando foi alterado o entendimento sobre o "Miranda Warning", e o investigado, acusado de um crime, deve, ao ser cientificado de seus direitos, dizer explicitamente que entendeu e não quer falar - se ele só permanecer em silêncio, a polícia e os promotores podem continuar a interrogá-lo, e o que ele disser, será admissível. Me fascina, a nuance tênue, quase imperceptível... para nossos pequenos nazis... e os que querem copiar os americanos só querem o que os interessa, os ônus decorrentes do devido processo legal, não. Contraditório, mas, como disse o comentarista americano, faz sentido, perfeitamente, aqui em Marte... )




Várias pessoas concordaram, dizendo que "só no Brasil mesmo", "esses petistas"... e blábláblá.
Pessoas, se querem comentar, pelo menos tenham um prévio conhecimento, nem que seja para blefar!

Em nenhuma democracia ocidental, o réu é obrigado a se auto-incriminar.
As gradações desse direito à não-autoincriminação é que são variáveis, nunca o direito em si.
A testemunha pode invocar o direito à não-autoincriminação, e calar-se sobre fato que possa vir a ser usado contra ela.



Gostariamos que todos fossem honestos, e bons, e confessassem seus crimes e expiassem seus pecados? "A verdade vos libertará"?!

Sim. Claro. Mas não é assim que funciona. E seu eu quero os direitos para mim e para os meus, tenho que admitir que eles se apliquem aos outros (a "eles e aos deles"? Quem seriam esses eles? Ora, obviamente, aos bandidos! Eu sou cidadão honesto! Direitos humanos para o cidadão honesto, cadeia, tortura e morte para o resto! - ironic mode on, ironic mode on!) .


terça-feira, 20 de julho de 2010

Lindos do rock!


Esse aí de cima é o Elias Viljanen, do Sonata Arctica

Seguindo o blog da Flavinha (e um monte de outros né, amiga, a gente acha que é original e quando googla, já fomos antecipadamente plagiadas! ) resolvi fazer uma lista dos meus cabeludos do rock.

Então, aí vão:

13 º Bruce Dickinson - Iron Maiden

Fico na dúvida se ele era mais gato cabeludo de franjinha ou agora, de costeleta.
Mas ele pode decolar a qualquer hora, até hoje!


11 º Brett Michaels - Poison

Banda poseur, mas confesso que curti.
Ele hoje tem eu reality show patético.



10 º Dave Mustaine - Megadeth

Essa carinha de emburrado... tadinho!



9º - Chris Cornell - Soundgarden

Simplesmente lindo. Era antes, ficou ainda mais.



8º Nuno Bettencourt - Extreme

Ele falava algumas palavras em português! Foi o que bastou para, junto com o cabelo lindo, me conquistar para sempre!




7ºMax e Igor Cavallera - Sepultura

Tá bom, tá bom, to colocando dois em um, porque eles são mineiros, né? De Belorizonte, Santa Tereza... E eu fui no show deles no Campo do Lazer do Galo, onde hoje é o Diamond Mall... ops, isso foi em 93??





6º Peter Steele - Type O Negative

Falando em caras de mau... esse era totalmente maluquinho... mas era sexy. Isso conta como fator "lindo", ok? Tall, dark and handsome, saído diretamente das páginas de um romance meloso para os clipes de rock... hahahah





5º Axl Rose - Guns 'n Roses

Esse ruivo era demais.


4º - Robert Plant - Led Zeppelin

Outro vocalista loiro. O Deus Dourado!!
Ele pode. Até hoje...



3º - Whitfield Crane - Ugly Kid Joe

Prefiro morenos, mas esse loirinho... era de arrasar.




2º - Rachel Bolan - Skid Row

o charme discreto dos baixistas... (viu Bernardo?)

Confesso: a argola de nariz me chamou a atenção, mas foi o charme e a cara de mau que me ganharam. Também cortou o cabelão.








1º - Jon Bon Jovi - Bon Jovi

Imbatível. Chamem de cliche, de batido, whatever.
Lindo antes, com o cabelo felpudo, lindo hoje, com o corte estiloso. Dou a mão à palmatória. Hours concours!!!





Atração por criminosos tem nome: hibristofilia

Hoje, assistindo "The Good Wife", com reviravoltas surpreendentes, e questionamentos éticos muito bacanas por parte de vários personagens (estou adorando a série, tem tantas sutilezas, mas nada de Lost, com teorias conspiratorias, aliens, etc. Só o bom e velho ser humano, e suas inúmeras possibilidades para o bem ou para o mal).

Um dos personagens convidados hoje foi um milionario acusado de haver matado a mulher, que conseguiu sair impune, mas a todos (inclusive eu e outros espectadores) acreditam que ele é culpado. No episódio de hoje, "Atração Fatal", ele mata, supostamente em legítima defesa, uma mulher, escrevente judicial, que tem "hibristofilia".

O que seria isso?

Bem, segundo o oráculo, seria a atração sexual por parceiros que tenham cometido crimes graves, como homicídio, roubo, estupro.
E aí, fiquei pensando: é uma coisa tão estranha, sentir atração por algo ruim.

É totalmente diferente de sentir atração por pessoas que tem uma imagem de rebeldes, como eu confesso que tenho (vejam minha lista no blog da Flavinha! rs).
Tatuagem, rock 'n roll, as vezes cabelos longos (cada vez mais raros...).
E minhas amigas dizem que procuro os homens errados...

Bem, fico pensando em pessoas que escrevem para assassinos (e não para acusados, mas para assassinos confessos, convictos, condenados), especialmente mulheres (claro, pode ser uma visão de gênero, vou fazer o que?).
Que se casam com criminosos.

E me lembro sempre de um artigo que a Soninha (da MTV, de quando eu era adolescente mesmo e a MTV era legal) escreveu em uma revista (procês verem, na época não tinha blog, tinha revistas... minha conta na banca era enorme!) sobre o Maníaco do Parque, e sobre a então namorada dele, que sobreviveu ao período no qual ele matou várias jovens.
E porque isso me vem à mente?
Porque a Soninha falava sobre um certo narcisismo da namorada, o qual tem seu fundo de verdade, por um lado.
Somos todos narcisistas. Queremos ser admirados, desejados, nos sentir especiais.
E quando um assassino serial mata várias mulheres, e não me mata, mas me traz flores... ahn, narcisismo! Isso significa que EU sou especial, obviamente aquelas que ele matou não eram, não é isso??
E a namorada do Maníaco se sentia especial. Mas ela já estava com ele, sem saber que ele era o tal assassino serial.
Imaginemos se a pessoa se aproxima do tal cara devido ao fato dele ser o maníaco?

O ser humano é cheio de coisas estranhas, as quais eu nem tento compreender.

Sexo e morte, sei lá, Eros e Tanatos, Persefone e Hades...
As tais pulsões...

Dizem que é por isso que os mitos de vampiros fazem tanto sucesso, porque falam lá com o nosso sub,ou in-consciente, nessa questão do erotismo e da morte.

Vai saber...


Up-dating:

Hoje uma loirinha está nas manchetes: "se ele quiser, eu caso com ele! Ele é um menino de 1,91 m que tem medo do escuro..." (Tá, ele não foi condenado por nenhum dos crimes que supostamente teria cometido, mas que tem um histórico de personalidade bem perturbado tem... agride mulheres, justifica a agressão de outros homens sobre outras mulheres como fato normal... )

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Lei Maria da Penha, violência patrimonial: dicas

Hoje esteve na capa do Terra Notícias a seguinte manchete: "Homem foge com R$19 mil da noive na véspera do casamento"


Ele não só levou o dinheiro, como também o carro e a moto, e R$19.000,00 que ela tinha guardado em casa.

Lendo alguns dos comentários dos leitores (ahn?), pude perceber que alguns dos comentaristas acreditam que ela teve o que mereceu.

Não sei da história a décima parte, mas vou aproveitar o tópico para refletir sobre a violência patrimonial, que é praticada entre casais, e vitima, mais geralmente, as mulheres (não que não possa ser o contrário, estou falando da minha experiência profissional, certo?)

Bem, a Lei 11.340/06 , denominada Lei Maria da Penha, prevê, entre seus dispositivos, um que conceitua a "violência patrimonial", entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

É comum que apareçam na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos, mulheres, contando histórias de veículos que elas financiaram para o marido-noivo-namorado-companheiro-sejaláoquefor, o qual simplesmente desaparece com o carro, financiado no nome da mulher, e que não foi furtado (não tecnicamente, já que o veículo já estava com eles, em geral.
Apropriação? Estelionato? Furto mediante fraude? Qual o crime? Qual o impedimento??)
E o pior, na maior parte das vezes, elas só vem na DP porque já estão com o nome "sujo" na praça, e o carro, elas ainda tem esperança de recuperar, e minimizar o prejuízo.

Ah, isso não é violência, alguns vão dizer.

Para alguns, a violência tem que ser necessariamente física, e pior, deixar lesão visível

É sim. É violência, e é violência dupla, pois a pessoa é vítima, e é tratada como culpada, é ridicularizada pela família, e quando chega até a polícia, vai receber o mesmo tratamento?

Com algum custo, consegui incultir em alguns policiais que trabalham comigo a noção da lei Maria de Penha de violência patrimonial. E hoje, eles me encaminham as vítimas, e a gente tenta dar alguma efetividade para a lei. Não é fácil, muitas desistem (claro, muitas vezes querem que eu "coloque o impedimento de furto" e "pegue o carro de volta", simples assim... não, não é tão simples assim!).
Mas algumas conseguem recuperar, mais que os bens, o respeito próprio.

Agora, mais uma dica, que não é dica, pode ser questão de sobrevivência - para mim, e para tantas amigas que leem o blog, isso é o óbvio, mas nem todas tem a nossa sorte:
NUNCA, mas nunca mesmo, financie um veículo em seu nome, para ser usado por outra pessoa, a qual "vai te pagar as prestações, só que está com um probleminha na praça, coisa à toa, sabe... esse mês atrasou porque tive que resolver um lance, sabe como é, mas mês que vem eu acerto tudo... e por aí vai".
A financeira não é parte no seu "trato" com outra pessoa, ela não quer saber, vai atrás do seu patrimônio se a pessoa sumir com o carro.
E não, não é furto, se o sujeito, que antes era o melhor homem que você já teve a sorte de conhecer, se revelar um crápula-cafajeste-pilantra do planeta. Ele já estava com o carro antes, você, querida, entregou as chaves e os documentos. E ligar no 190 e falar mentira é crime também.


Então, o que seria possível fazer?
Lei 11.340/06, art. 7º, IV: violência patrimonial. Represente, peça uma medida protetiva de urgência, com o juiz determinando a apreensão do veículo, pegue o carro, negocie de volta com a financeira, resgate seu nome e seu crédito.

Saiba ainda que vender o veículo financiado em seu nome, ainda que com um contrato "de gaveta", é a maior roubada.
Para a financeira não interessa se você não está mais com o carro, e, mesmo considerando que você não vai preso por depositário infiel, pode vir a responder um processinho por estelionato, sim, ao vender o carro alienado, com gravame, ok?

(Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria:

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias - tem algumas circunstâncias aqui, quanto ao dolo, mas vai esperar para discutir em juízo?)


Valem as dicas também para homens, claro, amigos!