sexta-feira, 7 de maio de 2010

As ilusões que a gente perde

Uma das minhas passagens favoritas da literatura nacional esta no livro do Erico Veríssimo, "Musica ao Longe".

Clarissa, a mesma do romance homônimo, está com 16 anos, e voltou para a cidadezinha onde vive sua família, para trabalhar como professora.
Seu pai, orgulhoso e preconceituoso, havia perdido a fortuna da família. E os tios, que também dissiparam suas respectivas heranças, voltam para viverem todos sob o mesmo teto, no casarão do patriarca.
Clarissa escreve um diário, e nele relata:

"Agora tudo mudou. A gente vai crescendo, vai estudando, vai observando e compreendendo que as coisas não são como pensávamos.
Primeiro: papai já não é aquele gigante, mil vezes maior que eu. E o mais triste é que não tenho a impressão de que cresci, mas sim de que foi ele que diminuiu. Também a varanda, a paineira, o pátio e a casa ficaram menores depois que cresci."

Nossos pais são gigantes, heróis, semideuses. Podem nos dar a lua, se pedíssemos. E a gente cresce, vê que não é bem assim, passa a questionar as regras, a testar os limites, as vezes romper alguns. Derrubamos o mito de seu altar.
E depois a gente amadurece. E vê que foi abençoada de ter pais que se importaram. Pais que fizeram de tudo, que nos deram os tais limites, para que a gente tivesse algo para onde voltar, depois de quebrar a cara no mundo lá fora do ninho.

E a gente se vê reconstruindo as impressões da infância.


Outra ilusão que eu tinha:
todo mundo que tem tatuagem tem alguma coisa a ver comigo, porque tatuagem é legal!! (claro, menos o Popeye e o De Niro em Cabo do Medo)









Ledo engano...
Nem sempre








Infelizmente tive que descobrir que nem todo tatuado é gente boa, assim como nem todo policial é malvado... Não é piada. Na minha adolescência, apesar de haver tido uma experiência incrível, com a Polícia Militar ajudando eu e a Júnia a comprar ingressos de meia-entrada (quando era uma luta, havia a lei mas ninguém cumpria!), eu ainda era "rebelde sem causa" o suficiente para achar que polícia era "tudo fdp" (devido a algumas experiências negativas com o choque, nos shows de metal do ginástico, e um infeliz incidente com o TM, mas deixa para outra hora.)



Também tive que descobrir que nem tudo que brilha é ouro. As vezes, é só dourado, purpurina ou paetê.... não resisti à ironia de colocar o suposto homofóbico na mesma frase com purpurina e paetes!!!

Já dizia o Led:

"there's a lady who's sure, all that glitters is gold, and she's buying a stairway to heaven..."


Outra ilusão:

Quem é de oposição é liberal (libertário?)
Nem sempre.
Fico boba de ver que tem gente que acha que o mundo tá errado porque todo mundo tem direitos demais, inclusive quem não deveria ter direitos (pobres, pretos, viados?? será que é isso? Creio que sim, pq na internet todo mundo inventa um "fake" e fala um monte de coisa que os filtros do controle social impediriam na "vida real". Motivo pra outro post!)

Sou a favor de liberdade de expressão, e cito Voltaire: Não concordo com o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo. (creio que é Voltaire mesmo.) E não tem mas, nem porém. Liberdade de expressão, VEDADO O ANONIMATO. Diga o que quiser, e assuma o que disse, quem é, onde mora, o que faz. Porque se alguém se sentir ofendido (leia-se: injuriado, caluniado ou difamado) poderá adotar providências legais (processar criminal e civilmente).

Então essa era outra ilusão que eu tinha, de que todo mundo que está na oposição (não só aos governos de ocasião, mas ao sistema como um todo, no Brasil e no mundo) seria um parceiro meu, de pensamento, idéias e palavras. Capaz, como diria minha mãe.

Tem gente que realmente acha que os homossexuais deveriam ser banidos da sociedade, que deveria haver censura, que direitos humanos é só "para humanos direitos", essas coisas...

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Bem, algumas outras ilusões que eu perdi são menos pesadas, tá?

Tipo:

Itaguara ficava loooonge de Contagem...
era uma viagem looooonga! Hoje nem tem graça, é logo ali.

Viajar de avião era coisa de rico!
Ainda bem que não!! hhahahaha

Com trinta anos, eu ia estar casada, com filhos e seria velha!!!
Oba, me enganei de novo!!!
Nem casada, nem com filhos e muito menos velha!!!!

Rock 'n roll é a única música que presta, e Sepultura a melhor banda do mundo.
Bem, rock 'n roll é a melhor música do mundo (heavy metal, hard rock, punk, clássico, grunge, e tantas outras "classificações"). Mas tem um monte de coisa bacana além dele: samba, rap, pop, sertanejo, clássica, jazz, dance.
Já o Sepultura, foi substituído por outras, e outras, e hoje nem está no meu top ten mais.

E você? Também tinha muitas ilusões?












2 comentários:

  1. Renatinha, passamos muitas coisas juntas....Eu estou numa correria sò...sem tempo de comentar seu livro digital....mas leio sempre que tenho 5 min...Qts ilusoes..Se eu escrever aqui fico atè amanha...kkkk, Bjao grande !!!

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  2. Nao repara meu portugues, ta cada dia pior...pq fora o Frances e claro o italiano, resolvi aprender alemao, o port tà ruim....bjus

    Acho que dei um fora em cima...muitas ou muita? kkk, acredita que deu branco?

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