Esta semana estive em São Paulo, em um encontro, com participantes de 6 estados (RJ, SP, MG, ES, PR e RS), promovido pelo Ministério da Justiça (via PRONASCI) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e realizado pelo Instituto Sou da Paz.
Ano passado participei do Seminário, realizado na PUC, e os encontros regionais (serão dois) encerram esta etapa do projeto, que inclui ainda a elaboração de pesquisas sobre as iniciativas existentes, e de cartilhas sobre o tema.
Recebi as cartilhas, ficaram muito boas.
Creio que fui selecionada porque, apesar de não ser gestora de nenhum programa, e atualmente estar sem disponibilidade para participar ativamente dos projetos, tento me manter atualizada, conhecendo a rede de atendimento e prevenção, e quando possível, acionando esta rede para os casos concretos que chegam ao meu conhecimento. E também porque sou delegada de polícia, claro, o que representa um avanço no processo de diálogo entre os inúmeros atores da segurança pública e da prevenção à violência.
No primeiro dia, estavam presentes no evento cerca de 20 jovens.
Jovens. Jovens? Jovens!
Interessante os conceitos que temos sobre jovens. Muitas vezes se confundem com adolescentes, mas não são só os adolescentes que são jovens.
O conceito de juventude é recente, remonta ao início do século XX.
Segundo Dayrrel,
“(...) a juventude é uma categoria socialmente construída. Ganha contornos próprios em contexto históricos, sociais distintos, e é marcada pela diversidade nas condições sociais (...), culturais (...), de gênero e até mesmo geográficas, dentre outros aspectos. Além de ser marcada pela diversidade a juventude é uma categoria dinâmica, transformando-se de acordo com as mutações sociais que vem ocorrendo ao longo da história. Na realidade, não há tanto uma juventude e sim jovens, enquanto sujeito que a experimentam e sentem segundo determinado contexto sociocultural onde se insere”. (DAYRELL 2007 p 4).
Foi importante a presença de vinte lideranças jovens - de 16 a 25 anos - participando deste evento, e rompendo os estereótipos que involuntariamente criamos para categorizar os jovens que participam de projetos de prevenção de violência.
Uma fala que ouvi pela primeira vez na voz do Luis Eduardo Soares foi repetida pelo Denis Mizne, e é muito importante que a tenhamos em mente ao pensar em políticas públicas para a juventude: uma quadra de esportes, em uma área qualquer de classe média, é incentivo ao esporte. A mesma quadra, em uma área com características de vulnerabilidade, risco, urbanização desordenada, ou, falando claro, favela, é prevenção da criminalidade.
Estereótipos existem, e em todos os grupos - já ia falar "lados", mas não há nenhum "lado" nessa história.
Exitem atores: jovens, militantes de ONG's, atores do poder público, polícia.
E todos estes atores, que só há pouco tempo de colocam em condições de dialogar, tem conceitos preconcebidos sobre os demais, fruto de experiência, sim, mas também do desconhecimento.
Foi muito bom o encontro.
Volto com mais folego para tentar implantar um programa em Contagem, pela PCMG, com participação de outros atores e segmentos.
Nos eventos também conhecemos pessoas incríveis, como a Aline, do Paraná.
No último dia, no grupo de trabalho, estivemos debatendo, bem como o Rodrigo, guarda municipal, do ES, o Juliano, professor, do RS, e a outra Aline, de Campinas.
Nas adjacências do evento, encontramos o Delegado Protógenes Queiroz, que estava participando de outro evento, do PC do B. E lógico, tive que tietá-lo. Não é qualquer um, nesse nosso país, que consegue chegar nos grandes criminosos...
Encerrando, a cada vez que vou a São Paulo fico mais impressionada com as dimensões da cidade.
Conversando com o Alexsandro, que mora na Zona Sul, e estava no seminário, falávamos sobre a necessidade de que as iniciativas existentes, fossem elas geridas por ong's, por particulares, pelo poder público, etc, se conhecessem. E eu falei sobre uma espécie de fórum permanente de articulação destas ações, por exemplo, nas sub-prefeituras de São Paulo (fiquei sabendo lá que em São Paulo existem sub-prefeituras). E eles olharam assim, meio... e eu perguntei: pq, sub-prefeitura é mto pequeno?
Não. Subprefeitura é muuuiiiito grande... é enorme a área de cada uma delas.
Existem distritos (que estão abaixo das sub-prefeituras) que tem mais de 300.000 habitantes...
E eu que fico assustada pq Contagem já está com mais de 625.000....
Humm.. moro na Z. Sul tbm....
ResponderExcluirFico na região da sub-prefeitura de Parelheiros, a 50 km do centro.
Essa sua visão sobre a violência e possíveis soluções (sobre o jovem tbm) me impressiona. A sua capacidade de humanizar o seu trabalho (e eu sei que não é facil) é louvávl.. parabens....
Oi Thiago,
ResponderExcluirMais uma vez, obrigada pela visita, e pelo comentário.
Graças aos deuses, muita coisa vem mudando nas polícias... quer dizer, pra ficar ruim, ainda tem que melhorar, como disse o Beto, da Civil do Rio, nesse mesmo encontro, mas a cada dia descubro mais mentes alinhadas com um pensamento mais humano, mais crítico, mais ativistas.
Li seu post sobre a morte do seu Helio, no Rio, e me alinho com sua visão.
Infelizmente, as reações ainda são ditadas pelo estereótipo e pela visão do local. Se fosse em outra localidade, talvez o disparo não ocorresse. Mas esse é assunto para uma postagem, que vou ver se elaboro.
Abs