Hoje atendi uma vítima de roubo.
Ela teve dois carros roubados, à mão armada, em pouco mais de um ano.
No último, o filho, de apenas 06 anos, estava no carro.
Ela pediu calma ao assaltante, e tirou o garotinho do carro, lembrando-se ainda de pedir para retirar também um documento, que estava no banco. O ladrão permitiu.
Ela falava comigo que estava considerando a hipótese de comprar uma arma. Tudo legalmente, claro, fazer o curso, pedir o porte, essas coisas.
Eu não concordo. Acho que arma não defende ninguém, a não ser quem é muito muito muito bem treinado, e que na maioria das vezes, a vítima é morta com a própria arma, quando tenta reagir. Não tenho estatísticas, mas tenho a sensação, entende?
Arma é feita para MATAR.
Arma mata.
Aqui, vejo uns sites e blogs ultradireitistas, dizendo que temos o direito natural de portar arma...
Poxa, temos o direito natural de VIVER, e não de matar.
Porque estou falando de porte de arma, venda de arma, essas coisas, em um post com o titulo "Episódio final: Grey's Anatomy"?
Porque no episódio final (quem acompanha e ainda não assistiu, convém parar por aqui...) o senhor Gary Clark, que perdera a esposa alguns episódios antes (ela teve morte cerebral, e o Derek, o Richard e a Lexie desligaram as máquinas) surta e sai atirando em todo mundo (antes ele pergunta para alguns se eles eram cirurgiões, mas não perguntou para todos...)
E eu fiquei com ódio do velho. Poxa, antes eu havia sentido compaixão, havia me sentido solidária com a perda que ele sofreu, coitado, era apaixonado pela esposa, eles não tinham filhos, e ela morre... (tudo bem, é ficção, mas...)
Mas ele saiu, comprou uma arma, um monte de munição, e saiu para matar os três cujos nomes eu citei acima, ou seja, os que "mataram" a esposa dele (grande amor, ficar vendo a mulher em uma cama, entubada, sem interagir, definhando, respirando por aparelhos, cheia de fios e tubos e agulhas).
Mas ele começa a matar porque a Reed (a novinha, do cabelo curtinho) é um pouco ríspida com ele: ele pergunta onde é a sala do Chefe (Derek) e ela fala que está ocupada e não é guia. Bum! Ela dá um tiro na testa dela. Então o Alex chega, e Bum!, tiro no toráx.
E o velho sai andando, na maior tranquilidade, e atirando em quem dá na telha dele atirar!
E no final, depois de matar pelo menos uns cinco, e ferir um monte de gente, ele senta em um quarto, e conversa com o Richard (Former Chief).
E fala sobre o quão fácil foi comprar uma arma.
Como no supermercado, tem o corredor de armas e munições.
E ele comprou um monte de munição, porque estava em promoção!
Deuses, imagine isso aqui no Brasil!
Já enfrentamos uma onda de criminalidade alarmante. Tem se mantido estável, e as vezes até diminuído, mas ainda assim é alarmante, muito alarmante.
São jovens, se matando.
Envolvidos com o tráfico? Sim, grande parte. Mas nem todos.
Muitos só matam porque tem uma arma. Matam por causa de futebol, matam por causa de possessividade, matam por disputas fúteis sobre quem é mais "fodão".
Tem tesão de ver arma, de pensar no poder de uma arma. Não pensam nas consequências.
Um disparo, e é "game over", meu amigo.
E morrem.
Tá, dizem por aí que arma não é difícil de conseguir, que se o cara ficar de bobeira na praça da Rodoviária ou na praça Sete, fatalmente vai aparecer um sujeito oferecendo uma "peça" ou "brinquedo". Sei lá se vai. Tenho até curiosidade de ir, e ficar lá, parada, para ver o que vão me oferecer... deixa prá lá!
Mas se permitíssemos a venda de arma de maneira indiscriminada, como é nos Estados Unidos, não gosto nem de pensar o que teríamos em curso no país.
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