sexta-feira, 30 de abril de 2010
E é assim que acaba o mundo
Sobre cair e levantar
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Sobre cães e gatos
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Vamos tomar os chifres de volta!!!
Hoje um amigo me falou, pelo msn, sobre este movimento, do Dee Snider, chamado "Take back the horns".
Thank you Ronnie James Dio for giving us a gift even greater than your music or your powerful voice. I’m sure you never expected this to be your greatest legacy.
When exactly the metal horns jumped the rails (or the shark if you like) and spilled over into the mainstream and other music forms, it is difficult to be certain. I do have my own theory; I blame Bon Jovi (See the mission statement section of this website for more details.), but I can’t prove it irrefutably.
I was in a clothing store and heard a customer ask some preppy sales girl to find a specific sized, pair of pants for her. Upon aking the requested item off the shelf, the sales girl...threw the Metal Horns! That’s not metal! That’s not even an accomplishment worthy of any sort of celebration. The Girlscouts give out merit badges for doing pretty much anything--and they give a badge out for that! It should be noted that a Bon Jovi song was playing on the instore music system. No I don’t remember which one! I have a theory about Bon Jovi’s culpability in the abuse of the metal horns. I’ll explain later.***
Abaixo as excelências!
publicado na Folha de São Paulo do dia , 16 de julho de 2008, caderno Tendências/Debates, página A3.
Chega de Excelências, senhores!
Em 13/6 , um juiz do Paraná desmarcou uma audiência porque um trabalhador rural compareceu ao fórum de chinelos, conduta considerada "incompatível com a dignidade do Poder Judiciário".
Não muito antes, policiais do Distrito Federal fizeram requerimento para que fossem tratados por "Excelência", tal qual promotores e juízes.
Há alguns meses, foi noticiado que outro juiz, este do Rio de Janeiro, entrou com uma ação judicial para obrigar o porteiro de seu condomínio residencial a tratar-lhe por "doutor".
Tais fatos poderiam apenas soar como anedotas ridículas da necessidade humana de criar (e pertencer a) castas privilegiadas. No entanto, os palácios de mármore e vidro da Justiça, os altares erguidos nas salas de audiência para juízes e promotores e o tratamento "Excelentíssimo" dispensado às altas autoridades são resquícios diretos da mal resolvida proclamação da República brasileira, que manteve privilégios monárquicos aos detentores do poder.
Com efeito, os nobres do Império compravam títulos nobiliárquicos a peso de ouro para que, na qualidade de barões e duques, pudessem se aproximar da majestade imperial e divina da família real.
Com a extinção da monarquia, a tradição foi mantida por lei, impondo-se diferenciado tratamento aos "escolhidos", como se a respeitabilidade dos cargos públicos pudesse, numa república, ser medida pela "excelência" do pronome de tratamento.
Os demais, que deveriam só ser cidadãos, mantiveram a única qualidade que sempre lhes coube: a de súditos (não poderia ser diferente, já que a proclamação não passou de um movimento da elite, sem nenhuma influência ou participação popular).
Por isso, muitas Excelências exigem tratamento diferenciado também em sua vida privada, no estilo das famosas "carteiradas", sempre precedidas da intimidatória pergunta: "Você sabe com quem está falando?".
É fato que a arrogância humana não seduz apenas os mandarins estatais. A seleta casta universitária e religiosa mantém igualmente a tradição monárquica das magnificências, santidades, eminências e reverências. Tem até o "Vossa Excelência Reverendíssima" (esse é o cara!).
Somos, assim, uma República com espírito monárquico.
As Excelências, para se diferenciarem dos mortais, ornam-se com imponentes becas e togas, cujo figurino é baseado nas majestáticas vestimentas reais do passado. Para comparecer à sua presença, o súdito deve se vestir convenientemente. Se não tiver dinheiro para isso, que coma brioches, como sugeriu a rainha Maria Antonieta aos esfomeados que não podiam comprar pão na França do século 18.
Enquanto isso, barões sangram os cofres públicos impunemente. Caso flagrados, por acaso ou por alguma investigação corajosa, trata a Justiça de soltá-los imediatamente, pois pertencem ao mesmo clã nobre (não raro, magistrados da alta cúpula judiciária são nomeados pelo baronato).
Os sapatos caros dos corruptos têm livre trânsito nos palácios judiciais, com seus advogados persuasivos (muitos deles são filhos dos próprios julgadores, garantindo-lhes uma promiscuidade hereditária), enquanto os chinelos dos trabalhadores honestos são barrados. Eles, os chinelos, são apenas súditos. O único estabelecimento estatal digno deles é a prisão, local em que proliferam.
A tradição monárquica ainda está longe de sucumbir, pois é respaldada pelo estilo contemporâneo do liberal-consumismo, que valoriza as pessoas pelo que têm, e não pelo que são.
Por isso, após quase 120 anos da proclamação da República, ainda é tão difícil perceber que o respeito devido às autoridades devia ser apenas conseqüência do equilíbrio e bom senso dos que exercem o poder; que as honrarias oficiais só servem para esconder os ineptos; que, quanto mais incompetente, mais se busca reconhecimentos artificiais etc.
Numa verdadeira República, que o Brasil ainda há de um dia fundar, o único tratamento formal possível, desde o presidente da nação ao mais humilde trabalhador (ou desempregado), será o de "senhor", da nossa tradição popular.
Os detentores do poder, em vez de ostentar títulos ridículos, terão o tratamento respeitoso de servidor público, que o são. E que sejam exonerados se não forem excelentes!
Seus verdadeiros chefes, cidadãos com ou sem chinelos, legítimos financiadores de seus salários, terão a dignidade promovida com respeito e reverência, como determina o contrato firmado pela sociedade na Constituição da República.
Abaixo as Excelências!
Fausto Rodrigues de Lima , 36, é promotor de Justiça do Distrito Federal.
domingo, 25 de abril de 2010
Polícia e imprensa - o tormento da manipulação
Neste feriado sem graça, ao acordar e buscar o jornal, vejo, na
primeira página do "grande jornal dos mineiros", "imprensado" - perdão
pelo trocadilho - entre alguns pm's, o prefeito de Raposos. A
manchete: prefeito mal na foto.
Nas palavras do Min. Sepúlveda Pertence, a Lei 11.343/06, no
tratamento que deu ao usuário, gerou uma "despenalização, cujo traço
marcante foi o rompimento - antes existente apenas com relação às
pessoas jurídicas e, ainda assim, por uma impossibilidade material de
execução (CF/88, art. 225, § 3º); e L. 9.605/98, arts. 3º; 21/24) - da
tradição da imposição de penas privativas de liberdade como sanção
principal ou substitutiva de toda infração penal." (RE 430105 QO/RJ)
O legislador tratou o usuário como dependente, e a ele não impõe a
sanção corporal da privação de liberdade.
Impede também a detenção do agente, nos termo do §3ª do artigo 48, da
mesma Lei.
Ora, o que se busca é o tratamento e a recuperação do dependente. A
dependência química é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde
como uma enfermidade incurável e progressiva, apesar de poder ser
estacionada pela abstinência.
Na CID.10 (Código Internacional de Doenças) a Dependência é definida
como um “Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e
fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma
substância psicoativa, tipicamente associado ao desejo poderoso de
tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização
persistente apesar das suas conseqüências nefastas, a uma maior
prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e
obrigações, a um aumento da tolerância pela droga e por vezes, a um
estado de abstinência física. A síndrome de dependência pode dizer
respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo,
o álcool ou o diazepam), a uma categoria de substâncias psicoativas
(por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais vasto de
substâncias farmacologicamente diferentes.”
Ainda que os instrumentos para o tratamento, inclusive "coercitivo" do
dependente sejam falhos, especialmente os oferecidos pelo aparato
estatal, e que o usuário eventual não se enquandre, inicialmente, na
classificação do dependente, não é isso que pretendo discutir.
Meu ponto aqui é a exposição midiática. Em diversos sítios da internet
a noticia esta veiculada, dando detalhes sobre a condução do autor do
fato, detalhes das declarações deste aos milicianos, uma exposição
desnecessária da intimidade do agente.
Não creio ser esse o papel da imprensa, não de uma imprensa
responsável, e muito menos da Polícia.
A cada dia, quando os desvalidos são expostos pela PM na Itatiaia, na
Record, no Super, e em outras mídias, me revolto. As vezes ficamos em
situações difíceis, pois fica complicado negar a um veículo o acesso
que outro já teve, mas mesmo quando permito a entrevista, é com o o
coração na mão, pois sei que na maioria das vezes deturparão metade do
que eu explicar...
Os pm's conduzem o indivíduo, favelado, rasgado, de chinelo, com treze
pedras de crack, cem reais trocado, uma balança "de precisão", e
trazem a família inteira conduzida junto, todos "presos em flagrante
por associação para o tráfico", nas palavras do comandante da viatura.
E o reporter fica satisfeito, e busca o melhor angulo para exibir
aquele estereotipo clássico do "bandido", e já imagina a manchete:
Família de traficantes é presa pela PM!
Ninguém espera para saber onde estava a droga, e como foi encontrado o
dinheiro: a droga a três casas de distância, e o dinheiro, tiveram que
juntar as quatro pessoas da família para conseguir a absurda quantia
de cem reais, que "provava" que eles estavam "envolvidos com o
tráfico". E o delegado, obviamente, não flagra ninguém... mas o que
importa? Afinal, a "PM prende e a Civil solta" mesmo....
Não conheço o prefeito de Raposos. Não sei se ele é dependente, se é
usuário eventual. Não sei de sua orientação sexual, de sua reputação
como administrador público.
Não estou defendendo legalização, descriminalização, nada. Tenho meu
posicionamento quanto a estes aspectos, nas não foi esse o objetivo da
postagem, e sim questionar, mais uma vez, os absurdos midiáticos da
PM. Se eu fosse o prefeito, ou familiar dele, entraria contra o
Estado, contra a imprensa, contra o PM que tirou aquelas fotos.
Tá, vão dizer que ele estava em local público, que não pode querer
preservação da sua intimidade se praticou o ato em local público, etc.
Mas o que ele falou com os milicianos, falou com o Estado. O Estado
não pode agir como particular, e expor a imagem do particular dessa
maneira.
Abs e bom feriado!!!
Já nessa semana que passou, tive que apresentar à imprensa informações sobre um fato policial ocorrido em Contagem.
E nas duas manifestações midiáticas às quais tive acesso, o jornal e a televisiva, percebi traços dessa mesma manipulação.
Fica difícil acreditar na imprensa, quando temos experiências concretas demonstrando que a edição pode mudar tudo.
A televisiva não ficou ruim, mas no tablóide, editaram de forma a só deixar o sensacionalista, sem atentar para as inúmeras possibilitades de criar uma discussão válida sobre a nossa cultura de violência.
Decepcionante...
Dia de São Jorge, Aniversário de Cervantes, um livro e uma rosa
Sexta-feira foi o dia de São Jorge.
"Rock and roll" Inc.
E colocou uma camisa da seleção canarinho, com o apelido brasileiro para Sebastian... hehehe
Já o Axl...
Saudades dos tempos da bermudinha, né?
A noite dissolve os homens
"A noite desceu. Que noite! Já não enxergo meus irmãos.
E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam.
A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate,
nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão.
A noite caiu. Tremenda, sem esperança...
Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros.
E o amor não abre caminho na noite.
A noite é mortal, completa, sem reticências,
a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer,
a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes!
nas suas fardas.
A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio...
Os suicidas tinham razão.
Aurora, entretanto eu te diviso, ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascender
e dos bens que repartirás com todos os homens.
Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna.
O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,
teus dedos frios, que ainda se não modelaram mas que avançam
na escuridão como um sinal verde e peremptório.
Minha fadiga encontrará em ti o seu termo,
minha carne estremece na certeza de tua vinda.
O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,
os corpos hirtos adquirem uma fluidez, uma inocência, um perdão
simples e macio...
Havemos de amanhecer.
O mundo se tinge com as tintas da antemanhã
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário
para colorir tuas pálidas faces, aurora"
Escrevi este texto há alguns anos, e compartilhei com alguns amigos, por e-mail e pelo orkut.
Foi uma resposta a certos textos que nos eram encaminhados, como de autoria de Drummond, de Shakespeare, de Luis Fernando Veríssimo, de Arnaldo Jabour (pra vermos como colocam todos no mesmo saco). Na verdade, não sou uma grande leitora de poesia, prefiro prosa. Mas alguns poemas são maravilhosos. Este, a noite dissolve os homens, descobri na oitava série, havia um excertozinho no livro didático de literatura, e eu procurei até achar o poema inteiro.
Então ele sempre está na minha memória, entre os meus favoritos.
P.S.:
Stalingrado foi uma das mais terríveis batalhas da 2ª Grande Guerra Mundial, tendo o cerco nazista custado as vidas de mais de 1.000.000 (um milhão de pessoas), entre soldados soviéticos e civis, habitantes da cidade.
P.P.S: Este é ano eleitoral.
Já começaram as campanhas difamatórias, os e-mails encaminhados, sem origem e sem assinatura, propagando inverdades ou meias-verdades.
Vai escorrer ainda muito pus, fétido, podre, dessa noite política que vivemos.
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Mas não perco (não perdi ainda...) a esperança na democracia, e no amadurecimento deste recém-nascido, que é o Estado Democrático de Direito brasileiro.